A população
idosa.
O tamanho e a participação da população de 65 anos e
mais, como já dita, aumentarão continuamente durante a TEE, aproximando-se de
20% da população total; uma proporção mais alta daquela encontrada, hoje, em
qualquer país europeu. A maior proporção
de pessoas com 65 anos e mais na Europa, no qüinqüênio 2000/2005, está na
Itália (18,8%) (Nações Unidas, 2003). Assim, em 2050, o Brasil defrontar-se-á
com a difícil situação de atender uma sociedade mais envelhecida do que a da
Europa atual, onde uma transição etária muito mais lenta, concomitante com o
desenvolvimento social e econômico, não foi capaz, ainda, de convertê-la numa
sociedade justa para todas as idades. A questão é saber se, num curto período
de tempo, o Brasil – que tem uma distribuição, tanto de renda como de serviços
sociais, notavelmente injustas – será capaz de enfrentar, com êxito, este
desafio.
Behrman e colaboradores (2001) mostram que,
particularmente na América Latina, quando a participação da população de grupos
etários mais velhos (e mais desiguais) aumenta, as desigualdades tendem a
crescer. Na formulação de políticas para enfrentar estes desafios, a TEE
deveria não só ser levada em conta, mas, acima de tudo, ser aproveitada, em
suas diferentes fases, como instrumento de superação dos problemas por ela
mesma gerada(BEHRMAN J. R.; DURYEA, S.; SZÉKELY, M. Aging and economic
opportunities: major world regions around the turn of the century. In:
Proceedings of the IUSSP General Conference. Salvador, Brazil, 2001).
Independentemente dos mecanismos que determinaram a
TEE, a janela de oportunidades, por ela propiciada, ofereceu condições
favoráveis para a sociedade reformular várias de suas políticas públicas
referentes à educação e saúde infantil.
Seria ingenuidade acreditar que, por si só, a
diminuição no número de nascimentos, em termos relativos ou absolutos, e a
redução na taxa de crescimento da população total, como consequência do
declínio de fecundidade, resultarão, automaticamente, na solução dos problemas
sociais e econômicos (CARVALHO e WONG, 1998). Para isto, é necessária uma nova
postura da sociedade, que aproveite as várias oportunidades geradas pela
transição da fecundidade.
Aspectos teóricos que podemos considerar relevantes
para uma boa reflexão contextual no campo da gerontologia:
1. Velhice:
ciclo vital e aspectos sociais;
2. Quadro
da psicologia evolutiva;
3. Deontologia
e ética profissional;
4. Acompanhamento
e animação de idosos em lares e centros de dia - Nutrição e dietética;
5. Higiene
da pessoa idosa;
6. Animação
de idosos: conceitos, princípios e técnicas. Planificação de atividades;
7. Apoio
domiciliário a idosos - Psicologia da velhice;
8. Saúde
do idoso: prevenção dos problemas;
9. Cuidados
primários de saúde;
10. Atividades
da vida diária: acompanhamento de idosos no domicílio;
11. Prestação
de cuidados a idosos em instituições de saúde - Patologias e efeitos
psico-sociais decorrentes da hospitalização do idoso;
12. Saúde
mental na terceira idade;
13. Animação
e adequação de atividades a diferentes patologias.
Conceito.
Ainda no campo amplo conceitual, podemos conceituar o
envelhecimento dentro de várias vertentes distintas: conceito simplista: é o
processo pelo qual o jovem se transforma em idoso e conceito biológico: são
fenômenos que levam à redução da capacidade de adaptação sobrecargas
funcionais. Com o envelhecimento, ocorre uma desordem da homeostenose: declínio
estimado em algumas funções – e há uma maior vulnerabilidade às doenças como:
infecções, doenças cardiovasculares, neoplasias malignas, dentre outras.
Homeostenose é a perda de reservas orgânicas e funcionais, é uma característica
inerente ao processo de envelhecimento.
É também neste período da vida que existe uma maior prevalência de doenças,
geralmente múltiplas, que podem interferir na habilidade do idoso como condutor
veicular (Holland,1994). O indivíduo idoso apresenta mais freqüentemente
condições de saúde que afetam a capacidade de dirigir, tais como cardiopatias,
diabetes mellitus, doenças cérebro-vasculares, síndromes demenciais, doença de
Parkinson, epilepsia, artropatias, polifarmácia, uso abusivo de álcool, dentre
outras.
A literatura médica tem evidenciado que o
envelhecimento predispõe a um consumo aumentado de medicamentos prescritos ou
não. Porém, sabe-se que mudanças fisiológicas relativas ao envelhecimento, como
por exemplo, a modificação da composição corporal e a redução das funções
hepática e renal tendem a alterar significativamente a farmacocinética e a
farmacodinâmica de diversos medicamentos, o que aumenta a suscetibilidade de
indivíduos idosos a efeitos adversos ou terapêuticos mais intensos.
A parcela de idosos na população brasileira vem
crescendo muito nas últimas décadas. Entre as décadas de 1940 e 1970, houve um
grande aumento da expectativa de vida da população, devido, sobretudo, às ações
de saúde pública, como vacinação e saneamento básico e também aos avanços
médico-tecnológicos. Além disso, os processos de urbanização e planejamento
familiar que marcaram a década de 1960 acarretaram uma significativa redução da
fecundidade, resultando um aumento da proporção de pessoas com aproximadamente
65 anos ou mais. Estima-se que, em 2025, a população brasileira terá aumentado
cinco vezes em relação à de 1950, ao passo que o número de pessoas com idade
superior a 60 anos terá aumentado cerca de aproximadamente 15 vezes. Esse
aumento colocará o Brasil na condição de portador da sexta maior população de
idosos do mundo em termos absolutos (Fonseca JE, Carmo TA. O idoso e os medicamentos.
Saúde em Revista. 2000;2(4):35-41. Chaimonicz F. A saúde dos idosos brasileiros
às vésperas do século XXI: problemas, projeções e alternativas. Revista de Saúde
Pública. 1997;31(2):184-200. Nóbrega, OT, Karnikowski, MGO. A terapia
medicamentosa no idoso: cuidados na medicação. Ciência & Saúde Coletiva.
2005;10(2):309-13).
Gerontologia (envelhecimento, estudo), segundo
Metchnikoff (1903), a definiu como sendo a ciência que estuda o processo de
envelhecimento em suas dimensões biológica, psicológica e social. É uma ciência que se trata de um “campo
multidisciplinar e interdisciplinar que visa à descrição e à explicação das
mudanças típicas do processo de envelhecimento e de seus determinantes
genético-biológicos, psicológicos e socioculturais”(Anita Liberalesso Neri). Em
sentido didático amplo: é a ciência que estuda o processo de envelhecimento
humano de modo a atender às necessidades físicas, emocionais e sociais do
idoso. Na cognição dos pesquisadores G. E. Alkema e D. E. Alley (2006) a
Gerontologia estuda os processos associados à idade, ao envelhecimento e à
velhice, sendo uma área de convergência entre a biologia, sociologia e a
psicologia do envelhecimento. O envelhecimento, nesse sentido, representa a
dinâmica de passagem do tempo e a velhice inclui como a sociedade define as
pessoas idosas. A biologia do envelhecimento estuda o impacto da passagem do
tempo nos processos fisiológicos ao longo do curso de vida e na velhice. A
psicologia do envelhecimento, por sua vez, se concentra nos aspectos
cognitivos, afetivos e emocionais relacionados à idade e ao envelhecimento, com
ênfase no processo de desenvolvimento humano. A sociologia baseia-se em
períodos específicos do ciclo de vida e concentra-se nas circunstâncias
socioculturais que afetam o envelhecimento e as pessoas idosas.
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