Capítulo I
Intróito à Gerontologia
Introdução.
A Gerontologia é de caráter multidisciplinar, pois o
estudo da velhice e dos processos do envelhecimento não se resume apenas aos
aspectos demográficos, sua complexidade exige que seja estudado por diversas
disciplinas, em múltiplos ângulos.
A Gerontologia e a Geriatria desde sua origem mantêm
um relacionamento muito próximo.
Entretanto, vale salientar que enquanto a geriatria é
uma especialidade médica que trata das doenças ou dos doentes idosos,
preocupando-se em prolongar a vida com mais saúde; a Gerontologia é a ciência
que estuda o processo de envelhecimento, cuidando da personalidade e da conduta
do idoso, para isso, leva em conta todos os aspectos ambientais e culturais do
envelhecimento. Para resumir, podemos dizer que a Geriatria estuda as doenças
da velhice e seu tratamento, enquanto a Gerontologia é uma ciência médica e
social que estuda não apenas as características da velhice enquanto face do
desenvolvimento humano, mas também o processo e os determinantes do
envelhecimento.
A HISTÓRIA DA Geriatria passa pela Universidade, no
Brasil, exemplo: Estimulados por um Projeto de Lei do Senado Federal de 1954,
referente à geriatria, um grupo de profissionais organizou-se para criar uma
instituição brasileira dedicada ao estudo da geriatria e da gerontologia.
Foi importante que esse grupo mantivesse estreito
vínculo com a Universidade: isso fez com que a geriatria brasileira rapidamente
se tornasse forte e respeitada. O primeiro evento foi organizado pelo professor
Israel Bonomo, docente da Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do
Brasil (atual Faculdade de Medicina da UFRJ). Nos dias 13, 14 e 15 de maio de
1957, modestamente denominado Mesa Redonda sobre GERONTOLOGIA, ele foi
realizado na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. A programação
compunha-se de palestras de 20 minutos, nas quais cada especialista falava
sobre as diferenças no funcionamento dos vários aparelhos e sistemas do corpo
humano determinado pelo processo de envelhecimento.
Podemos incluir também em seu escopo, as diversas
áreas científicas como: a biologia, psicologia, antropologia, sociologia,
economia, administração, política, história, neurologia, direito e demografia
da velhice e do envelhecimento, além dessas áreas podemos citar a psicologia,
pedagogia, enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional,
odontologia e o serviço social.
Para implementar o atendimento integral à pessoa
idosa, havia necessidade de incorporar outras categorias profissionais além dos
médicos. Com esse objetivo, realizou-se um Simpósio sobre Geriatria na Academia
Nacional de Farmácia e um Curso de Iniciação em Gerontologia no Hospital São
Francisco de Assis da UFRJ. Os médicos apresentaram a Geriatria para os futuros
colegas gerontólogos e vice-versa. Foi assim estabelecido o primeiro elo entre
a Geriatria e a Gerontologia no âmbito da Sociedade.
O envelhecimento populacional é um fenômeno universal
que podemos denominar de revolução demográfica ou revolução da longevidade. Tal
fato se explica pelas novas conquistas no campo da medicina preventiva e
curativa que têm resultado no aumento da expectativa de vida e no avanço da
tecnologia, traduzidos pelo simultâneo decréscimo das taxas de natalidade e
migração e diminuição acentuada da mortalidade infantil. Faz-se, portanto,
imperativo a busca da conscientização da sociedade sobre fatos ligados à
“velhice”, repensando as políticas públicas de atendimento, reivindicando por
qualidade e autoexpressão e refletindo sobre as contingências que envolvem essa
população de modo a traçar perspectivas para o seu atendimento, bem-estar e
valorização.
O envelhecimento pode ser definido como um processo
multifatorial, indo do nível molecular ao fisiológico e morfológico, com uma
importante modulação do meio sobre o conteúdo genético, influenciado por
modificações psicológicas funcionais e sociais que ocorrem com o passar do
tempo. Constitui-se em mudanças graduais irreversíveis na estrutura e
funcionamento de um organismo que ocorrem como resultado da passagem do
tempo. Acreditamos que a gerontologia
pode desenvolver ações para estabelecer métodos que possam dar ao idoso uma
melhor qualidade de vida. Porém não perca de vista que tal conceito é genérico
e reflete um interesse com a modificação e a aprimoramento dos componentes da
vida, ex. ambiente físico, político, moral e social; a condição geral de uma
vida humana. Podemos dizer que é a fase de maior valor econômico na vida de um
ser humano, recepciona-se aqui a citação “Valor Econômico da Vida”, na definição
Português: Valor moral intrínseco designado para um ser vivo(Tradução livre do
original: Bioethics Thesaurus. (CESAR VENÂNCIO – 2014).
Tomando como referência as citações anteriores podemos
especular para fins didáticos que nessa fase da vida ocorre Impacto da Doença
na Qualidade de Vida e nas Medidas de Nível de Vida. Nesse seguimento teórico,
os Estados Unidos da América desenvolveu nos anos de 1972 uma escala de
qualidade de vida como uma medida de nível ou disfunção de saúde gerada por uma
doença. SE tornando progressiva na “terceira idade”. Estabelece-se a partir de
um questionário baseado em comportamento para pacientes e cobre atividades tais
como sono e descanso, mobilidade, recreação, administração do lar,
comportamento emocional, interação social e outros. Mede o estado de saúde
percebido pelo paciente e é sensível o suficiente para detectar mudanças ou
diferenças no nível de saúde que ocorre através do tempo ou entre grupos.
(Medical Care, vol.xix, no.8, August 1981, p.787-805).
Contrariamente ao indicado pelo senso comum, o
processo de envelhecimento populacional, tal como observado até hoje, é
resultado do declínio da fecundidade, e não da mortalidade. O envelhecimento
populacional iniciou-se no final do século XIX em alguns países da Europa Ocidental,
espalhou-se pelo resto do Primeiro Mundo, no século passado, e se estendeu, nas
últimas décadas, por vários países do Terceiro Mundo, inclusive o Brasil. No
caso brasileiro, observou-se, a partir do final dos anos 60, rapidíssima e
generalizada queda da fecundidade, e haverá conseqüentemente, um célere
processo de envelhecimento da população.
Este processo será, necessariamente, mais rápido e com
mudanças estruturais, demograficamente falando, mais profundas do que nos
países do Primeiro Mundo por duas razões: o declínio da fecundidade, no País,
deu-se em um ritmo maior e origina-se de uma população mais jovem do que aquela
dos países desenvolvidos.
O tamanho da população brasileira Entre 2000 e 2020,
cerca de 38 milhões de pessoas será adicionado à população total. Apesar disso,
entre os jovens e mesmo em certos segmentos da população adulta, taxas de
crescimento negativas prevalecerão. Durante esse período, o tamanho da
população abaixo de 25 anos deverá diminuir em cerca de 5 milhões. Além disso,
o grupo de 15 a 35 anos (que atualmente inclui as mulheres responsáveis por
mais de 90% dos nascimentos) enfrentará taxas de crescimento negativas por todo
o período 2010-2050. Com isso, o número de nascimentos, que na virada do século
já experimentou queda absoluta, poderá continuar declinando, mesmo se a taxa de
fecundidade permanecer constante. O
número anual de registros de nascimentos diminuiu de 4,2 milhões para 3,8
milhões entre o biênio 1999/2000 e 2001/2002(IBGE). Estes valores encobrem
registros atrasados, no entanto, dados altamente confiáveis de UFs como São
Paulo, Santa Catarina ou Rio Grande do Sul confirmam esta acentuada diminuição
(Sinasc/Datasus dos anos 2000 em diante).
O rápido processo de envelhecimento populacional do
Brasil: sérios desafios para as políticas públicas deve ser na visão do autor
ponto de reflexão dos pesquisadores Gerontológicos. Já são sentidos, no Brasil,
os efeitos positivos da transição na estrutura etária (TEE), por exemplo, nos
serviços de saúde à infância e na educação.
O termo Transição da Estrutura Etária (TEE), apresentado inicialmente
por POOL(Age-structural transitions and policy: towards frameworks. In: Seminar
IUSSP/Asian Meta-Centre, Age-Structural Transitions and Policy, Phuket, Dec.
2000), engloba as mudanças produzidas pelo declínio da fecundidade e que se
fazem sentir, depois, no tamanho relativo e absoluto das diversas coortes. Elas
são mediadas pelas alterações nos padrões de sobrevivência e, em muitos casos,
pelos fluxos migratórios(AQUINO, R. C.; PHILIPPI, S. T. Consumo infantil de
alimentos industrializados e renda familiar na cidade de São Paulo. Rev.
Saúde).
Nenhum comentário:
Postar um comentário