Multidisciplinar.
A Gerontologia é um campo de estudos que aborda os
aspectos jurídico, social, psicológico, médico, político e econômico do
processo de envelhecimento humano, e a Gerontologia
Geriátrica, Gerontologia Social, Gerontologia Forense, etc., encontra–se definida como área
multidisciplinar. Buscando via internet pesquisas mundiais observamos que a
Gerontologia é evidentemente de predominância, uma área das Ciências da Saúde.
Assim, posso sugerir com base nesses
dados, que os bacharéis, especialistas, mestres e doutores em Gerontologia pertencem
a área das Ciências da Saúde.
A multidisciplinaridade é um conjunto de disciplinas a
serem trabalhadas simultaneamente, sem fazer aparecer às relações que possam
existir entre elas, destinando-se a um sistema de um só nível e de objetivos
únicos, sem nenhuma cooperação. A multidisciplinaridade corresponde à estrutura
tradicional de currículo nas escolas, o qual se encontra fragmentado em várias
disciplinas.
De acordo com o conceito de multidisciplinaridade,
recorre-se a informações de várias matérias para estudar um determinado
elemento, sem a preocupação de interligar as disciplinas entre si. Assim, cada
matéria contribui com informações próprias do seu campo de conhecimento, sem
considerar que existe uma integração entre elas. Essa forma de relacionamento
entre as disciplinas é considerada pouco eficaz para a transferência de
conhecimentos, já que impede uma relação entre os vários conhecimentos.
A partir de Foucault, entendemos a Árvore do Conhecimento
como uma taxonomia, um continuum, onde todas as áreas são colocadas lado a
lado, mais próximas ou mais afastadas conforme semelhanças e diferenças entre
si. O termo "Árvore do Conhecimento" nos remete ao mundo natural, dos
seres vivos do reino dos vegetais. Trata–se de uma lista de nomes de áreas do
conhecimento apresentada na forma de uma classificação hierárquica que, por sua
vez, lembra a taxonomia ou a linguagem que os naturalistas dos séculos XVII e
XVIII estabeleciam para a denominação dos seres vivos.
Foucault, discutindo formação e transformação de
campos de saberes, nos diz das características da história natural e do tempo
em que "o naturalista é o homem do visível estruturado e da denominação
característica". Em seus argumentos, o autor fala das características da
linguagem então construída, uma linguagem de segundo grau, como um edifício
construído por sobre as palavras de todos os dias, com vistas a, enfim, estar
no reino dos Nomes exatos das coisas: A história natural é contemporânea da
linguagem: está no mesmo nível do jogo espontâneo que analisa as representações
na lembrança, fixa seus elementos comuns, estabelece signos a partir deles e,
finalmente, impõe nomes. Classificar e falar encontra seu lugar de origem nesse
mesmo espaço que a representação abre no interior de si, porque ela é votada ao
tempo, à memória, à reflexão, à continuidade. Mas a história natural só pode e
só deve existir como língua independente de todas as outras, se ela for língua
bem–feita. E universalmente válida. Na linguagem espontânea e 'malfeita', os
quatro elementos (proposição, articulação, designação, derivação) deixam entre
si interstícios abertos: as experiências de cada um, as necessidades ou as
paixões, os hábitos e os preconceitos, uma atenção mais ou menos despertada
constituíram centenas de línguas diferentes e que se distinguem somente pela
forma das palavras mas, antes de tudo, pela maneira como essas palavras cortam
a representação. A história natural só será uma língua bem–feita se o jogo for
fechado: se a exatidão descritiva fizer de toda proposição um recorte constante
do real (...) e se a designação de cada ser indicar, de pleno direito, o lugar
que ele ocupa na disposição geral do conjunto.
Essa linguagem expressa o projeto de uma ciência geral
da ordem que trata da disposição em quadros das identidades e das diferenças: (...)
assim se constituiu na idade clássica: um espaço de empiricidade que não
existirá até o fim do Renascimento e que estava condenado a desaparecer desde o
início do século XIX. Ele é para nós, hoje, tão difícil de restituir e tão
profundamente recoberto pelo sistema de positividades a que pertence nosso
saber que, durante muito tempo, passou despercebido.
A Gerontologia caracteristicamente multidisciplinar
não alcançou lugar nessa taxonomia institucionalizada, seja porque haveria
problemas em relação a conceitos, interesses e projeto político em sua
constituição como área do conhecimento, seja porque a taxonomia seria
incompatível com a multidisciplinaridade. A pesquisa sobre envelhecimento no
Brasil encontra–se vinculada a várias áreas do conhecimento. Principalmente ao
que Georges Canguilhem, em sua epistemologia, denomina "Ciências da
Vida" (Grandes Áreas das Ciências da Saúde e Biológicas) e ao que, visto
pelo olhar arqueológico de Michel Foucault, recebe nome de "Ciências do
Homem" (Grandes Áreas das Ciências Sociais Aplicadas e Humanas e da
Saúde), observando que seu caráter multidisciplinar vem sendo bastante
enfatizado na literatura gerontológica. A Gerontologia tem pretensões de se
constituir como um campo do conhecimento científico.
Nota para ciência reflexiva do texto acima descrito.
Foucault.
Michel Foucault foi um importante filósofo, e
professor da disciplina de História dos Sistemas de Pensamento no Collège de
France desde 1970 a 1984. Desenvolveu todo o seu trabalho em torno da
arqueologia do saber filosófico, da experiência literária e da análise do
discurso. Também se concentrou na relação entre poder e governamentalidade, e
nas práticas de subjectivação. Governança e governamentalidade denotam dois
conceitos originados em tradições disciplinares e intelectuais distintas que
compartilham uma questão central: a problemática de direcionar, regulamentar,
governar, conduzir etc. na sociedade moderna - tendo em vista os indivíduos, as
organizações, os sistemas, o Estado e a própria sociedade como um todo. O
debate sobre governança é proveniente da ciência política e das ciências
sociais e foca as mudanças ligadas às novas constelações das relações do Estado
com os interesses sociais no sentido mais amplo possível. Sob essa perspectiva,
governança adquiriu o status de novo termo para analisar essas mudanças tanto
no contexto interno de um Estado-nação como no âmbito das relações
internacionais.
Foucault nos oferece uma definição sucinta de
governamentalidade: O conjunto formado pelas instituições, procedimentos,
análises e reflexões, os cálculos e as táticas que possibilitam o exercício de
sua forma assaz específica, embora complexa, de poder, que tem por alvo a
população, por principal forma de conhecimento a economia política e por meio
técnico essencial os aparatos de segurança. A tendência que, por um longo
período e em todo o mundo ocidental, tem levado sucessivamente à superioridade
desse tipo de poder que pode ser denominado governo, sobre todas as outras
formas de poder(realeza, disciplina etc.), resultando, por um lado, na formação
de uma série completa de aparatos governamentais específicos e, por outro lado,
no desenvolvimento de um complexo inteiro de salvaguardas. O processo, ou
melhor, o resultado do processo, pelo qual o Estado de Justiça da Idade Média
transformou-se no Estado administrativo durante os séculos XV e XVI e tornou-se
gradualmente "governalizado"(Burchell/Gordon/Miller, 1991, p.
102-103).
Taxonomia.
É a disciplina
acadêmica que define os grupos de organismos biológicos, com base em
características comuns e dá nomes a esses grupos. Para cada grupo é dado uma
nota e os grupos podem ser agregados para formar um supergrupo de maior
pontuação, criando uma classificação hierárquica. Os grupos criados por este
processo são referidos como taxa (singular táxon). Um exemplo da classificação
moderna foi publicado em 2009 pelo Angiosperm Phylogeny Group para todas as
famílias de plantas com flores vivas (Sistema APG III).
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